Para responder a essa pergunta, precisamos entender que para as edificações com suas arquiteturas originais sejam preservadas ou pelo menos manter suas características iniciais, faz-se necessário criar leis que protejam tais edificações (casas, prédios, igrejas, praças, etc.). A lei formal sobre tombamentos de patrimônio histórico não é nova. Desde 1937 que o governo federal através do IPHAN abriu precedentes para que muitos prédios em todo território brasileiro pudesse ser protegido de modificações, adaptações ou demolições. Em Areia Branca, para que isso ocorresse seria necessário criar leis municipais amparadas pelo Decreto-Lei nº 25/1937. Em Areia Branca, que saibamos, ao longo de sua história não foi manifestado esse interesse por nenhum político ou gestor. Vamos ter como exemplo o antigo edifício que abrigava a Escola Desembargador Silvério. Para se estabelecer a arquitetura desse prédio era preciso ter uma referencia estilística, ou seja, os arquitetos da época baseavam-se em escolas com seus estilos diversos. Nada era feito por acaso. Do arquiteto ao pedreiro, todos sabiam o que estavam fazendo. Quanto ao Desembargador Silvério, percebemos ali o estilo Neoclássico, com linhas retas em sua estruturas e adornos e molduras superiores, estilo que predominou em Areia Branca assim como em todo o nordeste após o período colonial. E portanto, justamente sem leis que regem uma reforma ou manutenção desses prédios é que as coisas começaram a desandar. Sem mão de obra qualificada, a cada reforma, o prédio começava a perder suas características artísticas, até se transformar na mais simplória forma de uma "caixa de sapato" com janelas e portas. Abaixo temos um exemplo da degradação que a falta de leis que regem a preservação acarreta (não parece em nada, mas são o mesmo prédio, mas com outro fim):
Não só esses mas muitos prédios históricos foram destruídos ou abandonados. Temos como exemplo a casa paroquial que foi demolida para dá espaço a um prédio moderno. Até a Igreja Matriz que em sua forma original tinha um cruzeiro em frente, foi totalmente modificada com a construção de uma torre, que com suas linhas retas, se transformou em um templo mais moderno e que ainda continua tendo modificações. Há uma frase que diz o seguinte: "Um povo que não se preocupa em preservar sua memória perde-se na história e se aniquila a curto prazo na sua cultura". E eu considero bastante verdade.
Por Angelo Vale
