sábado, 2 de abril de 2016

CRÔNICA - AS AVENTURAS DE FERNANDO


Foto: Antonio do Vale - Outubro de 1977

AS AVENTURAS DE FERNANDO:

Bastava entrar naquele beco que meu tio Cosme (Có para os íntimos) alardeava aos gritos:
--- Mamãe!... chegou Fernando!
Eu nunca entendi esse fenômeno de trocarem meu nome por esse tal "Fernando". Mesmo que eu tenha um primo com esse mesmíssimo nome de batismo.
Se era Tia Nega um segundo parente a me notar ali no meio do alpendre com mochila na mão, logo soltava um mote: um "Vixe!...", eu a perdoo, pois reconheço que todos ali teriam de aturar um mês inteiro de diabruras.
Em se falando em peraltices, havia uma que sempre inaugurava cada período de férias. Após minha chegada, mal dava cinco minutos... Pronto: a trupe (eu, Monte júnior, Marcelo, Glen e Antônio de Puxuca) da algazarra já estava formada e num picar de olhos, corríamos a Pracinha de Nossa Senhora da Conceição (a Praça da Igreja).
Travávamos disputas e, em algumas vezes, até batalhas. Se o digladiar ficava quente, rolavam até cocorotes, beliscões, coisas do gênero. Era a conhecidíssima escolha dos bancos da pracinha, isto é, a gente se considerava propensos herdeiros daqueles assentos, como se fôssemos parentes dos honrados homenageados... podendo no futuro, conseguir em dobro toda a fama e glória dos respectivos donos dos nomes ali gravados.
Ah!... de toda aquela infinidade de bancos, a mim só me serviam dois: ou o de F. Souto ou o do Deputado Manuel Avelino.
Voltando ao início do causo, como o tal Fernando que vinha à tona colocando tudo em evidencia, ainda não consegui nem fama, muito menos glória... mas posso lhes garantir que aquela chama de esperança tão comum na infância, ainda tremula em minha alma.
Quem sabe, um dia, alguém possa ver registrado em um daqueles bancos da tal pracinha: ou "Renato" ou o fake "Fernando" (também serve).


Por Renato Borges de Sousa


O Autor


2 comentários:

  1. Eita Renato, lendo esse texto bateu uma saudade, tempo bom sem maldade da casa de D. Raimunda .
    Felicidades.
    Mirinha

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  2. Eita Renato, lendo esse texto bateu uma saudade, tempo bom sem maldade da casa de D. Raimunda .
    Felicidades.
    Mirinha

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