Foto por Antonio do Vale (in memoriam) |
Ainda pareço escutar
as gargalhadas e gritos da meninada no espaço que abarcava um pequenino
quarteirão, é bem verdade, mas que jamais saiu da minha memória.
Refiro-me à velha quadra circundada por um muro que conseguia ser menor que eu, criança que desde os quatro anos escolhia viver as férias escolares na Areia Branca dos anos 70.
Assim, nas manhãs e tardes desses anos idos, eu era figurinha carimbada no citado "point". No decorrer das partidas de futebol ali travadas, enquanto ganhava fôlego, eu podia ver as meninas que entravam e saiam das bodegas próximas ao Ivipanim ou aquelas que seguiam, do ladro contrário pelas calçadas que levavam ao Cine São Raimundo.
Dessa época, ainda guardo dois antigos ditados que caiam como uma luva no menino que fui: eu tinha de ficar "com um olho no gato e o outro no peixe, pois os mesmos olhos que me serviam de instrumentos na arte da paquera também deviam servir de guardiões às implacáveis mãos do meu avô. E pode acreditar que "se um dia era da caça; o outro, do caçador", porque muitas vezes fui presa nas mãos do estimado parente.
É que meu avô, por ter sido militar e ido à Segunda Guerra, parecia dar continuidade às batalhas que só ele via, uma vez que tentava forjar nos filhos e netos os subalternos que, mesmo contra a vontade, ajudavam a alimentar a tal mania.. Ah!... sem dúvidas, fui sua presa favorita.
Escrevi isso, porque, em copioso choro, eu via prazer nos olhos dele, quando era elo da penca de netos levados à máquina zero do barbeiro que parecia se esconder em um apertado estabelecimento no beco após o mercado.
Hoje, tudo parece ter se transformado em páginas de saudades: a velha máquina que tinha por mania deixar carecas todas as crianças da época , do meu avô e seu sorriso indecifrável e a velha quadra que parecia ficar dias e noites paquerando o clube e suas festas
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