terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

HISTÓRIA DE SALINEIRO - POR RENATO BORGES

A imagem pode conter: atividades ao ar livre e natureza
Moradia do entorno do Bico Torto. Areia Branca/RN.




Fui menino com os olhos ligados nas coisas do mundo. Por esse viés, lembro-me de certa vez perguntar a um salineiro, lá para as bandas do Bico Torto, por que ali eu via muitas casinhas de palha e barracões, mas não via banheiros.

—-Aqui, a gente se vira como pode, respondeu-me o tal.


Ali próximo, de olho em nossa conversa se meteu um cabra.

—- Garoto, vou alimentar sua curiosidade com uma história que vem da época em que os bichos falavam.

E continuou:

— Numa salina, igualzinha a essa, todos os dias e no mesmo horário, um salineiro ia fazer suas necessidades detrás de um morro de sal.

—- Ele, ao se acocorar no lugar escolhido enchia-se de mistério, pois o chão, a cada dia que se seguia, se mostrava limpo. Tal fato o forçou a ficar de tocaia, afinal, era necessário uma resposta sobre tal mistério. Foi assim que tudo se esclareceu: ele descobriu que guloso siri comia tudo o que ele ali deixava.

—-Resolvendo pregar uma peça no danado do siri, toma o salineiro meio copo de óleo de rícino (poderoso laxante) e, ao sentir os primeiros roncos na barriga, corre ao conhecido morro, deixando verdadeiro dilúvio de diarreia pelo chão.

E ainda arrematou esse intrometido que desafiante frase foi lançada ao siri:

—- Agora coma, guloso?

Ora, ele me garantiu que o crustáceo alem de ouvir tal frase numa boa, como se pulasse os velhos bailes dos carnavais do Ivipani Clube, saltitante respondeu-lhe:

—- Oba!... —- Vou correndo buscar uma colher, que hoje é sopa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário