Moradia do entorno do Bico Torto. Areia Branca/RN.
Fui menino com os olhos ligados nas coisas do mundo. Por esse viés, lembro-me de certa vez perguntar a um salineiro, lá para as bandas do Bico Torto, por que ali eu via muitas casinhas de palha e barracões, mas não via banheiros.
—-Aqui, a gente se vira como pode, respondeu-me o tal. Ali próximo, de olho em nossa conversa se meteu um cabra. —- Garoto, vou alimentar sua curiosidade com uma história que vem da época em que os bichos falavam. E continuou: — Numa salina, igualzinha a essa, todos os dias e no mesmo horário, um salineiro ia fazer suas necessidades detrás de um morro de sal. —- Ele, ao se acocorar no lugar escolhido enchia-se de mistério, pois o chão, a cada dia que se seguia, se mostrava limpo. Tal fato o forçou a ficar de tocaia, afinal, era necessário uma resposta sobre tal mistério. Foi assim que tudo se esclareceu: ele descobriu que guloso siri comia tudo o que ele ali deixava. —-Resolvendo pregar uma peça no danado do siri, toma o salineiro meio copo de óleo de rícino (poderoso laxante) e, ao sentir os primeiros roncos na barriga, corre ao conhecido morro, deixando verdadeiro dilúvio de diarreia pelo chão. E ainda arrematou esse intrometido que desafiante frase foi lançada ao siri: —- Agora coma, guloso? Ora, ele me garantiu que o crustáceo alem de ouvir tal frase numa boa, como se pulasse os velhos bailes dos carnavais do Ivipani Clube, saltitante respondeu-lhe: —- Oba!... —- Vou correndo buscar uma colher, que hoje é sopa. |
terça-feira, 25 de fevereiro de 2020
HISTÓRIA DE SALINEIRO - POR RENATO BORGES
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