segunda-feira, 5 de março de 2018

MULHER, ELE VAI CONTAR PRA TODO MUNDO! - POR RENATO BORGES

A imagem pode conter: céu, atividades ao ar livre e natureza
Google Street

Embora, naqueles Anos Oitenta, fôssemos meros recrutas (marujos sem insígnia, portanto, quase sem classe kkkk), servir à Marinha e poder retornar a Areia Branca nas licenças e períodos de férias era algo que contrabalanceava essa constatação. É que aos olhos das mocinhas éramos, de certa maneira, objeto de cobiça.
Mas pense, leitor, num cabra sem dinheiro?... pois é, o tal recruta é assim, tem de se "virar nos trinta", como expressa o ditado, no intuito de manter a pose.
Assim, nos intervalos ou términos das festas, quem notava, fingia que nada via ao se deparar com parelhas de sombras em meio a escuridão da madrugada rumo às beiradas dos trapiches e do breu que se descortinava lá pras bandas da Pracinha do Por-do-Sol e das cercanias da CODERN.
Pegando esse fio de conversa, lembrei-me de alguém que sob os olhos dos seus pares na Escolinha da Base Ary Parreiras não parecia ter limites, no caso: o marujo "Bola Sete".
Sendo ele também integrante da marujada que se deliciava com as beldades de Areia Branca na citada época, não gostava que nada o incomodasse, nem mesmo ter de namorar (ou "coisar" kkk, como dizia um amigo) com alguma linda mulher em pé, perrengue vivido pelos demais.
Só sei que descobrimos que ele levava suas presas, isto é, suas namoradas em plena madrugada ao cemitério. Ele mesmo alardeava que sempre ficava na cama de um rei e que a mesma era, inclusive, de tamanho "king size"), quando, na verdade, ele se esbaldava com as ditas paqueras sempre sobre um mesmo túmulo de mármore branco, um que ficava rente ao muro frontal.
Foi assim que, em certa feita, resolvi aplicar-lhe uma inesquecível lição. Antecedendo as suas contumazes intenções, esperei-o por detrás de uma capelinha bem próxima ao lugar em que ele se deliciava.
Como eu estava um pouco cansado, cochilei... despertando por força de repetida e estranha frase que escutava. Era o marujo "Bola Sete" já mandando ver em uma velha conhecida:
--- Quero o de trás, vamos!... --- Quero o de trás, dizia o maroto.
Quase não conseguindo conter as gargalhadas, imitando voz de mulher (meio fantasmagórica), gritei:
--- Dê não, Neném!... --- Mulher, amanhã, ele vai contar pra todo mundo!.
Vixe!... Foi carreirão dos dois. Ele rumou desembestado pela rua que dá ao mercado, enquanto ela, tadinha... desnorteada, pulou o muro dos fundos sumindo pelos confins das salinas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário