Quando nos idos da meninice, mais
precisamente nos recortes temporais das minhas férias em Areia Branca, tinha de
intercalar as brincadeiras com algumas tarefas triviais da casa da minha avó,
tipo: ralar cocos para as cocadas de tia Chica, ajudar Nego Velho (o Homem da
Saca, outra alcunha que vestia esse pitoresco morador) a recolher do velho
pilão o que se transformaria em paçoca para o almoço, ir com meu tio Jorge nas
noites clareadas apenas com a luz da lua atrás dos pães vendidos em uma padaria que
ficava próximo a casa de Zé Noronha (lá na entrada da cidade), dentre tantas
doces obrigações.
O pagamento
atinente a minha participação nesses enredos vinha do próprio descortinar
propiciado por um leque de curiosidades que se dispunha diante dos meus olhos
traquinas. Tanto é que, não à toa, ainda me vejo perdido em lembranças, como se
ainda perambulasse nas cercanias da Pracinha do Por-do-Sol, pois frequentemente
levava recados a um ilustre morador daquelas imediações, digo melhor, a Seu
Cirilo.
Mesmo sem a mínima necessidade, pois onde já se viu menino preocupado com o tempo, fosse ao me deparar com o mesmo ou ao partir, eu lhe lançava duas vezes a mesmíssima pergunta:
Mesmo sem a mínima necessidade, pois onde já se viu menino preocupado com o tempo, fosse ao me deparar com o mesmo ou ao partir, eu lhe lançava duas vezes a mesmíssima pergunta:
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Seu Cirilo, o Senhor poderia me dizer as horas?
Calma!...
Eu não era abestalhado... Logo lhe explico: é que eu adorava ver aquele
cavalheiro com trejeitos de lord Inglês, retirar algo pouco comum de um dos
bolsos: um reluzente relógio preso a uma correntinha de ouro.
Satisfeito,
eu retornava a casa, não só com a certeza do dever cumprido, mas por me ver
personagem igualzinha as dos livros de fábulas que lia.
Renato Borges
Essa padaria próximo a Zé Noronha era de Joaquim Rebouças
ResponderExcluirCom certeza a padaria era de joaquim Rebouças mesmo, trabalhei muito nesta padaria, o nome era padaria Nossa senhora de Fátima
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