Aquela parecia ser mais uma noite comum, como tantas outras no Hospital Naval de Natal, onde servi nos meus dois primeiros anos como marinheiro. No entanto, essa aparente normalidade foi quebrada no exato instante em que eu tirava uma soneca no alojamento, uma vez que entraria de serviço no pior turno de todos, o das "zero horas".
Lembro-me bem de ver meu descanso interrompido pelo ronda (marujo que, em serviço, tem a função de perambular dando recados e desempenhando pequenas tarefas), quer dizer, eu e o marinheiro Enildo.
Junto aos nossos beliches e a queima-roupa só nos foi repassado que deveríamos nos apressar ao Oficial de Serviço e que uma viatura já estava a nossa espera.
Mesmo assim, o superior de plantão só nos informou que deveríamos ir resolver um pepino lá pras bandas do Tirol, na casa de um Almirante Reformado e que lá teríamos mais detalhes.
Em poucos minutos chegamos ao nosso destino, uma gigantesca residência com ares de palacete. E no meio da ampla sala enfeitada com móveis de luxo, na maioria em estilo colonial, eu e o Enildo, assustados, olhávamos um para o outro sem, ao certo, ainda detectar nosso real papel naquele enredo.
Foi aí que uma senhora, provavelmente a dona da casa, surgiu ao nosso lado matando nossa curiosidade, à medida em que apontava para a porta do outro lado da sala:
--- Pronto. --- Podem levá-la, sentenciou a madame.
E satisfeitos, concluímos que seria prazeroso conduzir ao Hospital Naval aquela mimosa encomenda, quer dizer, a moça nuazinha como veio ao mundo, de rosto belíssimo e de corpo esculturalmente esculpido, como se refletisse em si a perfeição das estátuas gregas.
Como alegria de pobre, isto é, de marujo dura pouco, só havia um problema: aquela beldade, de maneira alguma, concordava com nossa companhia, ou seja, ela não desejava sair do local onde parecia estar colada e ao perceber nossa aproximação gritou:
--- Quer dizer que vocês vão insistir em me levar? -- Duvido que vocês sejam machos a esse ponto, disse sumindo da porta onde estava.
Passados uns cinco segundo, ela reapareceu, ainda sem roupas, mas toda untada de fezes. Nossa!... Por que ela nos desafiou daquele jeito?... Só sei que foi um arranca rabo danado dentro daquele carro apertadinho, mas cumprimos a tal missão.
Eh!... Marujo nenhum merecia aquilo: ainda ter de tirar, em seguida, as quatro horas de serviço no cruel
turno das zero horas envolto no pior dos perfumes.
Poh que diabo de doença tinha esta jovem que não se vestia, era pinéu? Também fiz serviços noturnos em casa de oficiais pois servi na prenan, mas nenhum parecido com este kkkkkkkkkkkkk
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