sexta-feira, 22 de setembro de 2017

QUANDO EU ESTIVER VOLTANDO PRA CASA - POR RENATO BORGES



Certamente, quando eu descer do último degrau do ônibus, poderei, enfim, sentir todos os aromas de Areia Branca: das frutas nos quintais; do velho mercado adormecido à boquinha da noite, permitindo aos meus olhos ainda ver o amontoado de caixotes e um pratear de escamas sobre suas respectivas calçadas.
Sei, como sempre ocorreu, que chegando à "casa da estrela", ao término do corredor, estarão a minha espera: minha avó, sentada na velha cadeira de balanço, a resmungar das mulheres de biquínis das novelas; tia Chica, ao fundo da cozinha, com suas fornadas de cocadas a preencher o ambiente com doce fragrância de açúcar queimado e tia Nega com seus múltiplos movimentos nos lábios, libertando as ladainhas e novenas ditadas pelas contas do terço que sempre leva nas mãos.
Sim. Areia Branca estará me esperando, como deve ser... como sempre ocorre nas minhas lembranças e sonhos.

O autor

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