Quando o jantar tinha um significado bem diferente!
Imagine chegar para um jantar e, ao invés de escolher entre frango ou peixe, a opção era... "guerreiro rival"? Pois é, entre as tribos indígenas do Brasil do século XVI, os Tupinambás ficaram famosos por essa prática nada convencional: a antropofagia, ou, como a gente conhece hoje, canibalismo. Mas não se engane, isso não era só porque faltava uma churrascaria local, tinha um porquê bem profundo (e místico) por trás dessa tradição!
Hans Staden, um aventureiro alemão, foi um dos primeiros europeus a ver isso de perto. Ele deve ter achado que tinha entrado num episódio bem estranho de "MasterChef: Tribos do Novo Mundo" enquanto escrevia sobre suas aventuras. O livro dele, Duas Viagens para o Brasil, publicado em 1557, fez o maior sucesso na Europa! As pessoas por lá ficaram de queixo caído, imaginando esse “exótico Novo Mundo” onde você podia virar o prato principal da noite.
Outro europeu que não resistiu a meter a colher nessa história foi o filósofo francês Michel de Montaigne. Ele achou tão intrigante o lance dos Tupinambás que escreveu um ensaio chamado "Dos Canibais". Claro, na época dele, a galera comia uns croissants tranquilos, mas ele usou o canibalismo para filosofar sobre a sociedade europeia – vai ver ele achou que os europeus também tinham umas práticas difíceis de engolir.
Falando em multidões europeias, por volta do século XVI, algumas cidades como Lisboa e Paris chegaram a ter seus próprios "índios-tupinambás-no-zoológico-humano". Sim, os indígenas foram capturados e levados para lá para entreter a realeza, como quem leva um panda raro para o circo. Nada ético, mas é história, né?
Agora, vamos esclarecer: os Tupinambás não devoravam o vizinho chato da tribo, não! O negócio deles era o exocanibalismo, ou seja, comiam só guerreiros capturados de outras tribos rivais. Era tipo um "desafio culinário", mas com ares de guerra. E o menu vinha acompanhado de danças e cerimônias cheias de significado. Não era só sobre matar a fome, tinha todo um ritual místico para afastar a violência e dar uma lição na tribo inimiga.
Avançando alguns séculos, lá na década de 1920, o poeta modernista Oswald de Andrade resolveu dar um toque de tempero a essa história de canibalismo e lançou o "Manifesto Antropófago". Mas, calma! Não era para promover o canibalismo no jantar de domingo. Ele usou a ideia como uma metáfora para a cultura brasileira, que "devora" outras culturas e as transforma em algo único e com a nossa cara. Ou seja, no Brasil, até o canibalismo ganhou um toque artístico e filosófico – com muito menos sangue, claro!
Izabelle Valladares
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