Acabei de assistir ao filme "O quarto de Jack" (2015), filme esse que concorreu ao Oscar de melhor filme este ano. Jack é um garotinho de 5 anos que vive com sua mãe desde que nasceu em um pequeno ambiente, um quarto com prováveis 12 metros quadrados. Tudo o que Jack conhece vem das palavras da mãe, da visão daqueles objetos no quarto e a do mundo externo através de uma claraboia. A principio não entendemos a situação, mas logo sabemos que a mãe de Jack foi raptada a 7 anos para ser usada como escrava sexual e depois de 2 anos Jack nasceu ali mesmo naquele ambiente minúsculo. A mãe de Jack elabora um plano de fuga fazendo com que o menino consiga sair e buscar ajuda. Jack e sua mãe finalmente escapam do cativeiro. Comecei a fazer uma analogia logo após uma fala do personagem de Jack: "Mãe, eu sinto falta daquele quarto". Nesse momento comecei a pensar na população do Brasil e mais precisamente na de Areia Branca. Estaremos mesmo presos dentro de um quarto psicológico, dentro de um mundo que nos limitamos e acabamos tendo medo do que está além de nossa visão? Estaremos tão adaptados com a miséria e a sujeira que não temos força de almejar um ambiente mais asséptico? Estaremos tão resignados a aceitar que tirem o que é nosso, sem termos força de reação e aceitamos como parte de nossa missão social? Será tão difícil algum dia, mesmo que através de outros nos libertamos desse quarto e encararmos uma realidade que nos traga o mundo que nos impediram de conhecer? O "quarto de Jack" existe, e está bem encerrado, com senhas e trancas, mas como todas as portas, há sempre uma chave para cada uma delas.
Angelo Vale
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Jack e sua mãe já em casa e longe do 'quarto"
(Esta imagem é de propriedade de seus respectivos produtores"
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