Início da década de 80, numa manhã de 7 de Setembro e comemoração da Independência do Brasil. A seleção não venceu a copa de 82 e o sentimento de tristeza estava passando. Moro perto do largo dos desfiles de bandas escolares, também conhecido como rua Coronel Liberalino. Já bem cedo já se ouve o som das cornetas, tambores e taróis. Pessoas flamulam bandeirinhas de papel do Brasil, aquela mesmo onde predominam as cores verde e amarelo e com letras pequenas vem escrito "Ordem e Progresso". É uma manhã ensolarada e em roupas quentes e elegantes, orgulhosos alunos desfilam com um peculiar ar de felicidade. Era uma época onde não existia celulares (muito menos smartphones), computadores domésticos, TV de alta definição (a maioria dos televisores de tubo eram preto-e-branco), as ruas não eram asfaltadas, havia orelhões telefônicos nas ruas e poucas pessoas possuíam telefones em casa, e existia a famosa ficha telefônica (que diabos é ficha telefônica?). Uma multidão ficava nas calçadas a espera da passagem das bandas para visualizar o colorido espetáculo. Era época da ditadura militar e talvez na minha pouca idade e inocência eu jamais pude sentir a opressão desse período. De qualquer forma, era uma época tranquila, onde em muitos anos a taxa de homicídios era zero. Muitas pessoas nem TV em casa possuíam e a prefeitura instalava aparelhos nas praças públicas (o povoado de Redonda ainda mantém uma) cujo sinal vinha através de outro estado, já que ainda não existia o que hoje é uma ultrapassadíssima repetidora de TV. Muitas pessoas daquela época já não vivem mais e não puderam ver o futuro que vivemos hoje. E o patriotismo de agora? Patriotismo que talvez tenha tomado formas de oportunismo. Entretanto, a única certeza é que como tudo na vida, tudo passa e muda. Algumas coisas mudaram para melhor e outras para pior. Infelizmente...bem pior.
Angelo Vale
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