Eles pareciam silenciosamente nos
observar da parede, como se o espaço dentro da moldura que os eclipsavam fosse
uma janela.
Ali mesmo no alpendre, quando sentados, antes de irmos às nossas
respectivas redes, transformávamos a beirada da grande mesa em calçada. Antes
que tia Nega surgisse com bacias e toalhas diante de uma penca de pequenos
apóstolos a repetir a tal história do lava-pés, cada criança se assumia como
personagem no colorido quadro.
Os anos levaram o velho alpendre, só
restando do tempo que já se foi o velho quadro na parede. Parar, vez ou outra,
para vê-lo parece entoar que muita coisa ao seu redor já não faz mais sentido.
Mesmo assim, fitando as coloridas personagens entalhadas na madeira, ainda
pareço escutar as gargalhadas que costumavam ecoavam pela casa antes de
pegarmos no sono, como se estivessem na citada moldura encarcerada.
Foto: clicada por Sady Sidney Fauth.
Imagem: famoso quadro da personagem
"Amigo da Onça", que tanto sucesso fez nos anos 50 e 60 nos gibis
lidos nas cidades potiguares e que ainda se encontra em uma das paredes da Casa
de número 140, na Rua Francisco Ferreira Souto, em Areia Branca/RN.
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