quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O SEM CUECAS - POR RENATO BORGES

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Uma história que aconteceu lá pras bandas das Pedrinhas.

Eu já era um cabrão barbudo, porém ainda bunda-mole
Era frouxo que nem fole e tinha um medo de mulher,
Mas parecia um Mané e Pra confirmar a verdade
Já tava ficando careca, pois não usava cueca, nem quando ia à cidade.

Só depois que comecei a namorar a Benedita
É que fui à cidade e comprei uns metros de chita
E mandei a velha loura desmanchar tudo em ceroulas
Não porque queria arrancar toco, mas é porque namorado teima em ficar excitado
E a cueca disfarça um pouco.

Então, fui em um domingo cedinho pra casa da namorada,
Porém, no meio do caminho, pensei em fazer parada
Pra cagar encima da grama. Então, corri pra atrás de umas ramas
Lá dentro de um matagal.

E pra cueca não sujar, tive, então, de dependurá-la num pau.
De serviço terminado, depressinha me vesti
E por não estar acostumado, a danada da cueca me esqueci.

Montei num jegue apressado, quando um estalo de pano rasgado
Logo, logo eu escutei...Zsssssss!!!!!
Eu pensei: Ô cueca falsa
No entanto, foi minha calça que rasgou até o meio
E eu senti um vento gelado... bem na porta da cozinha.
E pensei, antes rasgada a cueca era que tinha.

Sai, então, com a rola de fora,
Balançando as esporas na barriga do jumento
Quando cheguei em Benedita, que tava junto da mãe Expedita.

Me mandaram pra dentro e me trouxeram por desaforo um tamborete afrouxado,
Desses com os beiços de couro... e o bicho tava furado.
Ah!... só deu tempo d´eu me sentar e e de meus ovos por pelo buraco danado.

E eu lá de pernas cruzadas, sem tá sabendo de nada e com os troços dependurados.
Pra piorar a estória, nesse dito tamborete a velha tinha depenado um galo que o velho tinha recentemente matado.

E quando a velha deu fé, disse logo: --- Mulher, valei-me São Gonçalo, 
Nós tratamos o galo na carreira... e lá tá o papo do bicho enganchado na cadeira.

Alguém, sussurrou a velha, vá conversando com o rapaz que é pra ele se entreter
Que eu vou aqui por detrás vendo o que posso fazer.

Aí, chegou Benedita com umas conversas bonitas, umas prosas, um arrodeio.
Foi quando senti bem lá no fundo uma dor profunda que fui a lua e voltei.

Era a velha puxando meu saco com uma força da molésta
E eu ali disfarçando e franzindo a testa.
Comecei a suar e com vontade de gritar, minha boca já parecia uma corneta.
E Benedita disfarçando, tapeando e me espiando, enquanto eu fazia careta.

E a velha resmungou: -- Eh!... com o papo não tem nadinha, mas
Aqui dentro tô notando é dois ovos de rolinha.
Mas galo comendo ovo??? vou ter de contar pro povo
E sacou uma peixeira!

Ah!... foi quando eu dei um pinote, passando por cima de um pote
E escapei na carreira... 
Pensei: --- Tá doida, Velha danada?! 
Escapei dessa fedendo, botei os pés na estrada e sai logo dizendo:

--- Enquanto vida eu tiver, lembrarei dessa mulher, não esqueço nunca mais!
--- E quando eu me sentar numa cadeira, mesmo que a calça esteja inteira... 
PASSAREI A MÃO POR TRÁS!

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