Vez ou outra, como ontem à noite, deparo-me agarrado às crinas do meu cavalo alado, o mesmo que vive a me levar através dos sonhos aos risos da meninice.
Entre o vai-e-vem das pernas das minhas tias que, metidas em seus afazeres, participavam das rodas de risos, fosse parando um pouquinho fosse por algumas sorridentes espiadelas, eu, satisfeitíssimo, era ouvinte atento aos enredos da minha vó Raimunda sentada em sua cadeira de balanço com assento e encosto de couro cru.
Diga-se de passagem que até perdi as constas das vezes que também sentei na tal cadeira. Ali eu me imaginava adulto e a narrar, como minha avó, os trejeitos e fatos das personagens de uma Areia Branca que há muito se foi.
Voltando ao sonho, lá estava minha avó a falar sobre Tutu, criatura de olhar lânguido, andar lento e de poucas palavras, mas que despertava na criançada desmedida simpatia.
Pronto. Se naquele alpendre, o nome de Tutu viesse a tona, eram favas contadas que curioso episódio que supostamente a envolvia vinha à tona: o que se referia à inauguração da maternidade da cidade.
Assim, entre as gargalhadas que ecoavam por toda a casa, la vinha a mesma história: que Tutu tinha sido a gestante que, enfim, proporcionou a inauguração da Maternidade de Areia Branca.
Sob nossa ótica infantil, aquele enredo estava carregado de veracidade, uma vez que a própria Tutu havia supostamente confidenciado a minha avó detalhes do ocorrido:
--- E aí, Tutu?... --- Como foi na hora do parto? (perguntas da minha avó).
--- Ah!... madrinha!... --- Ardia que nem pimenta, respondia a bondosa figura.
Eh!... Tutu e minha querida avó já não estão nesse plano e eu, sequer me lembro, quando estou em Areia Branca, de ir correndo aos anais da própria maternidade checar os dados da tal inauguração.
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